O preço do leite pago aos agricultores açorianos continua a ter um valor menor face ao continente e europa. A Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses que promoveu a cerimónia de entrega do Prémio Produtor Excelente 2018, no dia 25 de outubro de 2019, nos Arrifes fez desta temática o principal ponto debatido.

O evento que decorreu no Centro de Bovinicultura, contou com diversas presenças como César Pacheco, Presidente da AJAM (Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses), e o Presidente da Federação Agrícola dos Açores e Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita.

Em representação do Governo Regional, esteve o Presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, e o Secretário Regional da Agricultura e Florestas, João Ponte, e em nome das indústrias, estiveram presentes Pedro Tavares e Presidente da Lactaçores, Eduardo Vasconcelos, responsável da BEL e representante da ANIL (Associação Nacional dos Industriais de Laticínios), além do Diretor Geral da Centromarca, Pedro Pimentel

No debate, Jorge Rita frisou que os produtores leiteiros açorianos têm se esforçado arduamente para cumprir o seu trabalho e fazem com que aqui nas ilhas seja produzido "o melhor leite do Mundo", porém, lamenta profundamente que a indústria não reconheça ainda o valor acrescentado que este mesmo leite possui. Contudo, os argumentos apresentados pelos responsáveis presentes da Indústria face ao baixo preço pago pelo leite não convenceram o representante da lavoura açoriana. Jorge Rita considerou ser "impensável" que o custo dos transportes represente três cêntimos por litro. Quanto à percentagem média de gordura e proteína dos Açores, Jorge Rita, esclareceu ser praticamente igual ao continente, afirmando que "nós vendemos 80 por cento do nosso leite para o continente. Apresentamos a mesma percentagem de gordura e proteína".

Referiu ainda que o leite dos Açores é dos mais mal pagos da Europa, já que existe somente um país com preço inferior ao nosso e que compete ao Governo Regional continuar a investir no setor.

Posto isto, o Diretor Geral da Centromarca, Pedro Pimentel, demonstrou que o leite regional tem de facto um preço demasiado baixo e apelou para uma revisão do preço, revelando que "um litro de leite não pode ser mais barato do que um litro de água", o Secretário  Regional da Agricultura, João Ponte partilhou a mesma opinião e defendeu que não é aceitável "um maço de tabaco ser mais caro que um pack de seis litros de leite".

O Presidente da Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses, César Pacheco manifestou-se preocupado em relação aos cortes impostos pelas indústrias devido ao excesso de leite nas fábricas, isto por que na sua opinião "limitar aquilo que melhor fazemos será comprometer todo o trabalho que fizemos", destacou o representante dos jovens agricultores.  Este pediu também um aumento do preço do leite e mais investimentos governamentais no que diz respeito ao melhoramento e criação de infraestruturas agrícolas para a água, eletricidade e caminhos agrícolas de modo a tornar o setor mais competitivo e eficaz, sublinhando que para que a atividade agrícola continue é necessário que se obtenha rendimentos dignos.  

Vasco Cordeiro, Presidente do Governo Regional dos Açores, que surgiu no final do evento mostrou-se insatisfeito com a implementação de taxas adicionais dos Estados Unidos da América para os produtos lácteos dos Açores.

Esta medida foi implementada pelo governo americano a todos os produtos importados da União Europeia. No caso dos queijos açorianos, a taxa subiu de 15 para 40 por cento e motivou o cancelamento de diversas encomendas.

O Conselho de Administração da Associação Agrícola de São Miguel gostaria de felicitar a Associação dos Jovens Agricultores Micaelenses pela admirável organização deste evento que se revelou um êxito, parabenizando também todos os produtores de leite que foram reconhecidos pela sua excelência e produção exemplar, possibilitando um agradável convívio.