Valor da Classificação Morfológica na Era Genómica | Informações Técnicas


Antes da avaliação genómica, o potencial genético das animais era previsto, através da sua média parental, e os centros de inseminação selecionavam os futuros reprodutores pela média parental, não descorando a linha materna nomeadamente a produção e classificação morfológica da mãe do touro.

Nos dias atuais, devido á intensidade de seleção e interesse em reduzir os intervalos entre gerações, os futuros touros são resultado de fertilizações em vitro e transferências de embriões, entre cruzamentos de touros ainda jovens, sem provas das filhas, e novilhas extremamente jovens, ou seja, cruzamentos baseados apenas nos valores genómicos dos animais.

De acordo com um estudo, feito no Canadá, focado na análise dos touros genómicos comercializados neste país, nascidos entre 2015 e 2017, constata-se que cada vez menos estes são filhos de mães com provas, classificação e produção. Como podemos ver pela figura 1 existe uma redução de 20%, dado que em 2015 eram 79% os touros filhos de mães classificadas e em 2017 o valor é de 59%.

Este mesmo estudo também analisou o valor do efeito da classificação da mãe do touro, na precisão dos dados genómicos para conformação. A conclusão a que chegaram foi que os filhos de mães classificadas têm uma confiança de 1.3 valores percentuais superiores, comparativamente aos touros filhos de mães sem classificação morfológica.

Surge então a seguinte questão, se a classificação morfológica da mãe tem um impacto tão reduzido na precisão dos dados da avaliação genómica dos filhos, qual o interesse da mesma?

 A classificação morfológica na atualidade tem dois interesses:

Primeiro, porque a confiança do sistema de avaliação genómico depende da continua recolha de dados morfológicos, fenotípicos, em quantidade e qualidade, em que estes servem de termo de comparação mantendo as previsões genómicas fiáveis e relevantes.

Em segundo lugar porque para cada produtor os dados fenotípicos são mais específicos ao seu nível. Todas as vitelas nascem com um valor genético baseado na média parental, este serve para prever quais as que irão ter maior potencial aos interesses da exploração. No entanto, a sua fiabilidade é baixa, mas existem duas maneiras de aumentar a confiança destas previsões.

Uma através da genotipagem, e outra mais tarde através da classificação morfológica de cada animal.

De acordo com a figura 2, que apresenta a distribuição das alterações que ocorrem na conformação, quando os animais são classificados comparativamente á sua média parental, podemos constatar que metade das novilhas muda pelo menos 1 ponto para baixo ou para cima, havendo alguns casos que chega ao extremo de mudar 8 pontos. Assim sendo, a classificação morfológica irá ter um papel de reordenar os animais e as famílias na exploração, tendo este fator um papel importante nas decisões de seleção da recria e de refugo.

Por sua vez, a genótipagem das vitelas aumenta a confiança nos dados, no entanto verifica-se que 20% das novilhas continuam a registar alterações no índice de conformação após classificação no primeiro parto.

Neste sentido os agricultores, devem tirar o máximo partido dos dados disponíveis de forma a tomar decisões ao nível do melhoramento genético, usando estes dados e sua fiabilidade para tomar decisões de seleção e emparelhamento de reprodutores.

 

(Fonte: Canadian Dairy

Network, autors: Doormaal,

B.; Fleming, A.)

Eng. Henrique Moniz Lourenço