Decorreu no passado dia 22 de setembro a sessão de encerramento e apresentação de resultados do Dairy-4-Future, projeto que tem como objetivo melhorar a competitividade, sustentabilidade e resiliência das explorações agrícolas. O Professor Doutor David Fangueiro e o Professor Doutor André Almeida, docentes no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, fizeram um balanço geral do projeto, apresentando os resultados de cada uma das explorações agrícolas que se associaram ao mesmo, deixando dicas para o futuro a cada um dos produtores.

Para os investigadores é importante desmistificar a mensagem associada à agricultura no que diz respeito à emissão de gases com efeito de estufa, realçando que na UE, entre 1990 e 2012, a agricultura contribuiu apenas com 10% de emissões e que desse valor, apenas 3% corresponde à fermentação entérica, ou seja, metano. Em Portugal, em 2019, as emissões de gases com efeito de estufa associada à agricultura correspondia a 9,8%, ou seja, as restantes 90% das emissões são provenientes dos transportes, indústria, energia.

Numa análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), os investigadores realçaram:

Forças -  importância económica da Marca Açores; a relevância social e ambiental da produção leiteira; e a excelência da saúde animal e da qualidade do leite;

Fraqueza - problemas logísticos; a distância dos mercados de consumo; a falta de produtos diferenciados (predomínio do leite UHT); a falta de competitividade;

Oportunidades -  conhecimento acumulado do setor; o modelo sindical regional; nichos de mercado; turismo e a produção sustentável, associada ao ambiente; mercado a explorar em inovação;

Ameaças - instabilidade dos mercados globais; atraso na captação de mercados; Marca Açores com fraca qualidade comercial; novas dietas vegans e vegetarianas; diminuição da biodiversidade, com espécies invasoras;

“Os Açores são a região mais adequada para produção leiteira em Portugal”

Financiado pelo Programa Interreg Espaço Atlântico, o projeto Dairy-4-Future visa aumentar a competitividade, a sustentabilidade e a resiliência das explorações leiteiras na área do Espaço Atlântico. O projeto conta com 11 parceiros técnicos e 21 parceiros associados, num total de 110 explorações oriundas de Portugal, Espanha, Reino Unido, Irlanda e França, representando 20% da produção de leite da UE28 e 100 mil agricultores.

Nos Açores, a Associação Agrícola de São Miguel e a Associação Agrícola da Ilha Terceira são parceiros do projeto, com cinco e quatro explorações, respetivamente.