
Fábrica de Rações Santana
A Nutrição ao Serviço da Lavoura
No passado dia 26 de junho de 2025, o Eng.º. Filipe Martins, técnico nutricionista da empresa Nutrinova, e parceiro da Fábrica de Raçoes Santana, fez uma palestra intitulada "Como maximizar a produção de leite pela qualidade das forragens", esta teve como propósito relevar aspetos nutricionais das forragens, nomeadamente da silagem de erva e da silagem de milho.
Apesar da erva de pastagem continuar a ser a base forrageira das vacas leiteiras em São Miguel, a silagem de erva e de milho têm vindo a assumir um peso cada vez maior na dieta das vacas leiteiras. No caso particular da silagem de milho, nas duas últimas décadas viu duplicada a área de cultivo (1999, 4 190.7 ha e 211 651.3 tons // 2020, 8 574.6 ha e 490 110.4 tons). Com a maior incorporação de silagens na dieta das vacas a produção de leite ficará, consequentemente, mais dependente da qualidade das mesmas.
Com o preço da terra agrícola, urge que os produtores tirem partido com a máxima eficiência possível não só de boas produções forrageiras por hectare mas também, e não menos importante, da qualidade das mesmas forragens.
Nesse sentido, e para além dos cuidados a ter no processo de ensilagem, foi explicado que, apesar da importância dos alimentos concentrados, para se obterem boas produções de leite, e a menor custo, a qualidade das forragens assume um papel central. Apesar de, normalmente, ser dado ênfase aos valores de proteína, amido e NDF das forragens, tentou-se demonstrar que o mais importante a considerar nestas forragens é a digestibilidade da fibra, do amido e a disponibilidade da proteína. Só considerando estes parâmetros conseguimos avaliar o verdadeiro contributo nutricional das silagens. Foi dado particular destaque à digestibilidade da fibra uma vez que o seu contributo nutricional tende a ser desvalorizado. Para se ter uma ideia da sua importância demonstrou-se que deitas idênticas, com teores em fibra (NDF) iguais, a produção de leite poderá ser superior até 6 litros (vaca/dia) nos casos em que a digestibilidade da fibra é superior.
Por outro lado, foi também referida a importância do corte das silagens e o tamanho das partículas da dieta total na manjedoura. Estando "normalizado" cortes relativamente longos, demonstrou-se que para se assegurar uma digestão mais eficiente (e saudável) dos alimentos, dever-se-á evitar partículas muito longas, cujo tamanho que não permita a vaca escolher, nem demasiado fino (para manter a função da fibra efetiva).
Para além das vantagens diretas indicadas, foi evidenciado que do ponto de vista ambiental também terá benefícios. Isto porque quando as vacas são alimentadas à base de forragens com boa digestibilidade e com o tamanho de partícula adequado, as emissões de metano serão inferiores.
Assim, devido ao melhoramento do processamento e à maior digestibilidade das silagens, as vacas tenderão a ingerir mais matéria seca e, em resultado disso, a produção e os teores em sólidos do leite serão superiores. Isto leva a que naturalmente os custos associados à produção de leite sejam mais baixos.
Em resumo, tentou-se comprovar que parte da eficiência na produção de leite só se consegue atingir pelo aumento da qualidade e digestibilidade das silagens produzidas na exploração.
Eng. Filipe Martins