Boas práticas na lavagem da ordenha | Informações Técnicas


A lavagem da máquina de ordenha é mais importante do que por vezes pensamos. Recomendamos um processo com 3 passos, testado e comprovado por todo o mundo, os quais são:

1. Arrasto: O objetivo é retirar os restos de leite, de forma a não "gastar" detergente a reagir com estes restos. Utilizar se possível com água morna (25 a 40ºC). No final do arrasto a água deve ser deitada fora.

2. Lavagem: Este passo consiste na circulação de uma mistura de água com o detergente, durante 5 a 15 minutos. Deve ser respeitada a dose recomendada do produto. Se possível, fazer a lavagem com água quente (máximo a 80 ºC no inicio e no mínimo 40ºC no final). Se não for conveniente utilizar água quente, pode-se aumentar a dose do detergente, de forma a garantir a eficácia de lavagem. No final a água deve ser deitada fora.

3. Enxaguamento: Circular água limpa (potável). O objetivo é remover os resíduos do detergente e deixar todo o sistema pronto a ser utilizado. Esta água também deve ser deitada fora.

Relativamente à lavagem, utiliza-se no dia-a-dia um produto alcalino clorado (normalmente em embalagem amarela ou azul), que é muito eficaz na remoção da gordura.

Pelo menos uma vez por semana, deve-se utilizar um produto ácido (normalmente em embalagem vermelha), que é muito eficaz em limpar os minerais, como a pedra do leite. Utilizar o ácido sempre no mesmo dia da semana, de forma a não se esquecer da sua utilização.

Na ordenha em que utilize o ácido, não utilizar o alcalino clorado. Nunca se devem misturar estes produtos, uma vez que misturados libertam um gás tóxico e neutralizam-se.

Na lavagem de um tanque de frio, tanque de transporte ou bilhas devem seguir o mesmo processo. No tanque ou bilhas, uma vez que não há turbulência ou circulação, pode haver necessidade de esfregar com um equipamento macio.

Não esquecer de lavar também as mangueiras utilizadas para transferir o leite para o tanque.

Existem algumas variações a este método dos 3 passos que frequentemente resultam em maus resultados e portanto devem ser evitados, tais como:

- Reaproveitar a água da lavagem: o detergente está "gasto" no final da circulação e a água está suja, mesmo que a sujidade não seja visível.

- Não fazer o enxaguamento: ficam restos do detergente no sistema, que se não forem limpos, podem acusar inibidores no leite.

- Utilização de lixivia em vez de um detergente adequado: a lixivia é um desinfetante razoável, mas é um mau detergente. A utilização da lixivia normalmente leva à acumulação de gordura no circuito e causa uma maior degradação das borrachas. O seu custo de utilização é normalmente mais elevado que utilizando um produto adequado, uma vez que a dose é normalmente muito mais alta. Sendo a dose mais alta, a lixivia tem também uma maior probabilidade de acusar inibidores no leite, uma vez que é mais difícil fazer um bom enxaguamento. 

A utilização de produtos específicos para esta finalidade é uma obrigação em termos de regras, mas também um garante de uma boa lavagem e normalmente até com benefício económico, uma vez que os produtos de melhor qualidade necessitam de uma dose mais baixa, tendo um custo de utilização mais baixo.

Como resumo, utilize produtos adequados e com instruções de aplicação, utilize as doses recomendadas (com recurso a um copo medida), siga os 3 passos e trabalhe sempre da mesma forma. Se o fizer, irá conseguir bons resultados na limpeza, conservação das borrachas, bons CMTs e não irá ter leite rejeitado por inibidores (devido aos detergentes).

Em caso de dúvidas ou problemas, contacte um dos técnicos da AASM.

 

Rui Cepeda

Médico Veterinário

Novadan