Conselhos práticos a ter com os animais da sua exploração ao longo da vida | Informações Técnicas


1.Nascimento - A vitela deve nascer num ambiente limpo e desinfectado. Deve ser mantido em local seco e abrigado. Deve ser-lhe administrado o colostro da mãe ou de um banco de colostro, existente na exploração, nas primeiras 6 horas de vida.

2.Cria - A vitela deve ser alimentada com leite de vaca ou de substituição de boa qualidade, nas quantidades adequadas (10% do peso do animal). Evitar fornecer leite mamítico pois aumenta a susceptibilidade a problemas gastrointestinais. Devem ter sempre à descrição: água, concentrado (apropriado) e palha ou feno.

3.Recria - As vitelas devem estar na pastagem ou em parques adequados ao encabeçamento, com limpeza regular e com alimentação adequada ao desenvolvimento músculo-esquelético das mesmas. É necessário ressalvar que os erros de maneio nestas fases comprometem seriamente o futuro produtivo e reprodutivo destes animais.

4. Desparasitação - Na fase jovem estes animais são susceptíveis aos parasitas, resultando, por isso, em atrasos consideráveis no crescimento. Daí que todos os animais da manada independentemente da sua idade devam ser sujeitos a um programa de desparasitação.

5. Vacinações - Existem várias doenças de natureza vírica e bacteriana que afectam os bovinos em qualquer fase da sua vida, daí que qualquer exploração devia ter um programa vacinal adequado ao longo da vida dos animais. Como exemplos temos a vacinação contra o vírus da IBR, BVD, Vírus Sincicial Respiratório, Manhemia hemolitica (pasteurelose), entre outras.

6. Inseminação/Cobrição - Deve ocorrer por volta dos 16 a 18 meses de idade, dependendo do peso do animal (entre os 350 e os 400 kg). É preferível optar pela inseminação artificial, escolhendo para o efeito um touro com facilidade de parto, evitando o uso de sémen de animais de carne visto que o risco de desproporção feto-materna é maior, no sentido de minimizar acidentes na altura do parto. Chama-se à atenção que com a utilização do touro não podemos controlar este factor de risco, visto não haver dados sobre o touro escolhido.

7. Gestação - Os animais devem ser bem alimentados/cuidados no sentido de obterem um peso e um tamanho adequados na altura do parto, assim como um estado sanitário desejável.

8. Período de Secagem - As vacas devem ser secas em média 60 dias antes do parto (o período pode variar de acordo com a idade, peso, condição corporal, número de partos e história de doenças metabólicas ou células somáticas elevadas). A todas as vacas devem ser aplicados antibióticos de secagem, que devem ser escolhidos de acordo com a população microbiana associada a mamites naquela exploração, bem como o seu período de persistência no úbere. Devem ser administrados produtos à base de Selénio e Vitamina E com o objectivo de reduzir a incidência de retenção placentária. Simultaneamente deveram ser aplicadas vacinas com o objectivo de melhorar a qualidade do colostro para evitar diarreias dos vitelos recém-nascidos. Neste período as vacas devem ser alimentadas de acordo com a sua condição corporal e mantidas em locais limpos e pouco húmidos.

9. Pré-parto - As vacas, bem como as novilhas, devem ser integradas no grupo das produtoras aproximadamente 15 a 21 dias antes da data prevista de parto, de modo a promover a sociabilização com o restante grupo e a adaptação do animal à alimentação que deverá encontrar após o parto. O consumo de concentrado deve ser feito de forma gradual até atingir aproximadamente 4 a 5 kg na altura do parto.

10. Parto - O parto deve ocorrer em maternidades ou em locais isolados do restante grupo (pois o stress provocado pela presença de outros animais pode levar a uma maior incidência de retenção placentária e outras doenças do pós-parto). Os locais devem estar limpos e sempre que for necessária intervenção humana, esta deve ser feita da forma mais higiénica possível, utilizando luvas e material desinfectante. Para evitar o risco de hipocalcémia (febre do leite) devem ser administradas soluções à base de cálcio injectável ou bolus orais a vacas gordas ou com historial de doenças metabólicas em anos anteriores.

11. Pós-parto - A vaca deve ter uma alimentação equilibrada, muito rica em energia, normalmente veiculada através do concentrado e silagem de milho, para fazer face às necessidades da produção de leite. A quantidade e tamanho da fibra (silagem de milho, feno-silagem, feno e palha) deve ser adequada para permitir uma boa ruminação, estimular a salivação e aumentar o volume do rúmen (pança), reduzindo as doenças metabólicas (cetose, acidose, alcalose) e deslocamento de abomaso.

12. Lactação - A alimentação deve ser o mais uniforme possível ao longo de toda a lactação, com o objectivo de manter um ambiente ruminal estável, para evitar alterações metabólicas que se vão repercutir na produção de leite.

 

Dr. João Vidal

Médico veterinário