Preço de leite leva Associação Agrícola de São Miguel a enviar carta às indústrias | Agricultor 2000


O preço de leite é uma preocupação permanente para a Associação Agrícola de São Miguel, pelo que, recentemente foi enviada uma carta às indústrias de São Miguel - Unileite, Bel, Insulac e Prolato, sobre esta temática, que se passa a apresentar.

O Conselho de Administração da Associação Agrícola de São Miguel vem por este meio alertar Vexas para o desalento e desânimo que os produtores de leite estão atualmente a ultrapassar, atendendo ao baixo rendimento que usufruem pela matéria prima que fornecem às indústrias de lacticínios. O comportamento resiliente dos produtores não é, nem nunca será eterno, porque a competitividade das explorações agropecuárias tem de existir, de modo a podermos ter uma fileira do leite capaz de responder aos constantes desafios que são impostos pela estrutura de consumo moderna, cada vez mais seletiva e exigente.    

O comportamento dos mercados do leite e dos lacticínios são públicos e não existem segredos, nem subterfúgios, capazes de contrariar a presente tendência, que é claramente positiva, verificando-se uma subida generalizada dos preços, o que se tem repercutido no preço de litro de leite pago ao produtor, nos diferentes países da União Europeia.

Ao invés, os Açores que produzem um dos melhores leites da Europa, continuam lamentavelmente na cauda dos preços praticados a nível europeu, não sendo os produtores remunerados convenientemente pelo trabalho duro e árduo, que desenvolvem ao longo dos 365 dias do ano. Ninguém gosta de não ser reconhecido pelo trabalho desenvolvido, como tem sido o caso dos produtores de leite, que se têm adaptado constantemente às alterações que têm surgido na fileira, com resultados que estão à vista de todos, no entanto, os rendimentos têm sido diminutos e escassos, e não correspondem às expectativas dos produtores e suas famílias.

Gostaríamos de referir que a Associação Agrícola de São Miguel e a Cooperativa União Agrícola têm apostado na melhoria dos serviços prestados aos associados, como no apoio à qualidade do leite, sanidade animal, podologia bovina, contraste leiteiro, inseminação artificial e transferência de embriões, apoio à reprodução, maneio alimentar, bem como em toda a mecanização relacionada com as explorações agropecuárias, e ainda em vários serviços no âmbito da extensão rural (designadamente, análises dos solos), que são cada vez mais abrangentes. Esta realidade tem permitido aos produtores, melhorar duma forma acentuada e bem visível, as eficiências das suas explorações, com a consequente diminuição dos custos dos fatores de produção, sem que tal afete a qualidade do leite entregue, que inclusive, tem aumentado.

Estes ganhos de eficiência por via dos custos de produção são manifestamente insuficientes, senão existirem pelo lado da receita, aumentos capazes de suportar várias despesas que são cada vez mais imprevisíveis e inesperadas.

A lavoura necessita de incentivos que lhe permitam continuar a acreditar que a fileira do leite tem futuro e permanecerá como a principal atividade económica da nossa ilha, por isso, cabe à indústria de lacticínios, tomar as decisões acertadas e principalmente justas, a quem fornece matéria prima de inegável qualidade, como é caso do leite, proveniente dum sistema de maneio alimentar quase único no mundo, onde os animais e o ambiente, estão em simbiose perfeita.

Desta forma, apelamos a Vexas que independentemente das estratégias de mercados adotadas, analisem devidamente, não só a melhoria das condições dos mercados do leite e dos produtos lácteos, mas fundamentalmente, a atividade que o produtor de leite exerce em prole da indústria de lacticínios e também da região.

A Associação Agrícola de São Miguel entende que estão reunidas as condições para a melhoria do preço de leite praticado em São Miguel, pelo que se apela, ao Vosso bom senso e sentido empresarial, e seja tomada a decisão acertada, que é a rápida subida do preço do leite pago aos produtores.