Não há setor que dê uma demonstração de resiliência e resistência como a Lavoura | Agricultor 2000


No discurso de abertura da Feira Agrícola dos Açores, Presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, apela a uma união de esforços para ultrapassar o que classifica de "tempestade perfeita".

A agricultura açoriana demonstrou a sua resiliência e resistência durante os difíceis dois anos, devido à pandemia, mas está agora numa tempestade perfeita, devido à guerra na Ucrânia. Por isso, mais do que nunca, o setor deve ser apoiado, fortemente, da Região à União Europeia, passando pelo Governo da República. Este foi o repto deixado pelo presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, no discurso de abertura da Feira Agrícola dos Açores, evento que acolheu, pela primeira vez na sua história, o Concurso Nacional da Raça Frísia, que realizou a sua 39.ª edição no Parque de Exposições de São Miguel, em Santana.

Tomando da palavra, Jorge Rita destacou que a realização deste evento, que abrange todas as nove ilhas da Região Autónoma dos Açores, surge após a pandemia que trouxe reflexos económicos e sociais que colocaram à prova a grande capacidade do povo açoriano em termos de resistência e resiliência.

"E não há setor melhor - com todo o respeito por todos os outros - que dê uma demonstração disso, como o da Lavoura. E que aporta sempre valor: para quem governou, para quem governa, sabe que tem um setor vital para a economia e que se vê ainda mais nas situações difíceis", afirmou.

Recordando que o setor "nunca parou" de trabalhar, gerar riqueza e criar produtos que alimentam as pessoas, o presidente da Associação Agrícola de São Miguel apontou para as dificuldades que o presente apresenta, na forma da escalada de preços e das taxas de juro.

"Começou com as decisões da Europa e do Mundo sobre a descarbonização e as implicações que isso tem com o aumento brutal dos custos em matéria energética; a seguir a pandemia, com as implicações em todos os setores da economia a nível mundial; e para agravar a situação, uma guerra totalmente absurda, que é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, com os reflexos que tem a nível mundial, em termos de importação de cereais, oleaginosos e fertilizantes. Estamos perante uma tempestade perfeita".

E para situações difíceis, só medidas corajosas, pelo que Jorge Rita apelou a quem decide, "na Região, em Lisboa e em Bruxelas" a ajudar, pois "os apoios comunitários, seja o Plano de Recuperação e Resiliência ou o próximo quadro comunitário de apoio serão insuficientes para esta desastrosa situação económica que poderemos ter nos próximos tempos".

Falando sobre o Concurso Nacional da Raça Frísia, o presidente da Associação Agrícola dos Açores fala em orgulho mas também na constatação do importante trabalho desenvolvido nos últimos tempos, no que ao melhoramento genético diz respeito. "Se disser que nas qualidade morfológicas mais de 70% de vacas classificadas como excelente, estão na Região Autónoma dos Açores, dá para perceber bem o excelente trabalho que tem vindo a ser feito. Vivemos numa região pequena, em que a superfície agrícola útil representa 2,5% da superfície agrícola nacional mas é responsável por 34% da produção nacional de leite. Se há algum setor económico na Região que teve algum crescimento e de forma sustentável, o setor leiteiro é um bom exemplo disso".

Mas todo o trabalho feito a montante não terá impacto se continuar a haver uma desvalorização dos produtos da Marca Açores: Jorge Rita deixou o aviso à indústria para compensar condignamente o trabalho dos agricultores açorianos. "Os players que estão no mercado têm de valorizar esses produtos, que são reconhecidos em todos os mercados com uma marca indelével, que é a Marca Açores, que não é devidamente potenciada em termos de valor acrescentado nos nossos produtos. Temos de evitar tudo o que são commodities nas produções regionais, senão o nosso projeto não sai do risco do leite mais barato da Europa".

Jorge Rita pediu ao presidente do Governo Regional dos Açores para continuar a acreditar no setor da agricultura, lembrando que todas as reivindicações da Federação Agrícola dos Açores que foram acolhidas neste mandato contribuiram para a melhoria do setor, por isso, a lavoura "está numa situação mais positiva do que estava".

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